segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Capuccino futilosófico 001 - Magra e sexy?

[Meninas! Inauguro mais esta seção no blog. O nome foi um tanto quanto inspirado em Café com filosofia, mas, como os temas que vou abordar serão informais, chamar de filosofia seria muita pretensão; além disso, não gosto de café, mas adoro capuccino; portanto adoto este nome "capuccino futilosófico" para uma seção de conversas amenas sobre temas diversos, mas principalmente o que tange ao universo feminino] PLAY!


A gente vê tanto que acha normal, nem repara. Mas sabe, um dia estava eu numa livraria e deparei com a seção de revistas. Todas aquelas destinadas ao público feminino tinham na capa, em letras garrafais e em negrito, algo que remetesse a estas ideias: seja sexy, hot, tenha um corpo perfeito, fique magra.


Somos tão bombardeadas por esses imperativos que nem nos damos conta do tanto que, sim, propositadamente a mídia nos impõe padrões - o que vestir, o que pensar, o que sentir, desejos, insatisfações, condições. Quem nunca pensou que seria mais feliz se perdesse ou ganhasse 5kg? Que depois de dois meses intensos de academia ficaria gostosa, top, amada, admirada, feliz?


Mulheres irreais, photoshopadas de capas de revista. Mulheres hot, sexy, sem medos, sem inseguranças, que tudo podem através de um corpo perfeito, uma pele perfeita, barriga zero, celulite zero. Aí lá vai você comprar mais uma revista com a nova dieta, com o ultimate projeto verão e deixar para começar uma vida nova na segunda-feira.

Ser sexy e desejada é, por acaso, a única necessidade da mulher contemporânea? Emancipação sexual sim, mas é só sexo que nos representa? Somos meros manequins, bonecas de cera, que têm de ser atrativas sexualmente 24h? Não temos outras necessidades?

Enquanto você não perde os 10Kg, sua auto-estima fica minada, e adia mais uma vez o projeto de ser feliz? É justo? Não somos só cabelos, unhas, pele, olhos, boca, peitos, bunda, barriga, gordura, músculos. Somos ideias, sentimentos, arte, cultura, sensações, percepções, memórias e tanto mais! Não compactuemos com esse reducionismo que tentam impor. Sejamos mulheres, integrais.

2 comentários:

  1. Sou homem, mas acho simplesmente nojenta essa mídia. Esse é o tipo de coisa que Bourdieu chamaria de "violência simbólica", tão enraizada em nossa cultura que nem nos damos conta. Acho que deveriam existir leis que regulassem o uso de Photoshop nessas revistas, assim como ocorre em alguns países. Mais do que bom senso, ao final acabaria sendo uma questão de saúde pública no sentido de prevenir certos transtornos alimentares que cada vez mais atormentam as mulheres.

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    1. Muito interessante o termo "violência simbólica", desconhecia, vou procurar sobre o assunto, obrigada! :) Talvez fosse interessante o uso obrigatório de uma frase "esta imagem foi editada por Photoshop, etc.", assim as revistas ficariam livres na edição da imagem, mas quem as vê saberia que foram editadas. É importante também fortalecer a resistência, com valorização de mulheres mais próximas da realidade da maioria e também enaltecer outros valores para além da aparência.

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