domingo, 21 de julho de 2013

Abercrombie popular e novos Robin-Hoods

Olá, meninas! Vocês já ouviram falar desta campanha "Abercrombie popular", criada por Isaías Zatz? Boa parte dos protestos em relação à marca começou após ela excluir os tamanhos G e GG. Entretanto, a discussão ganhou outras pautas além do questionamento do padrão estético imposto.


Isaias Zatz tem 21 anos e é estudante de design de produto. “Sempre considerei a marca um tanto elitista. Era usada como um símbolo social, uniforme de gente rica que visita a Disney World. Fiquei indignado com o posicionamento e a ideia surgiu daí”, disse Zatz à Exame.com.

Não é de hoje que as classes sociais tentam distinguir-se (digo, que os ricos tentam diferenciar-se dos pobres) pelo que vestem, pelo que consomem. É a roupa, o carro de luxo, os lugares que frequentam e até as pessoas com quem se relacionam.


Quem já não comprou algo que não precisava ou que nem sequer considerou tão bonito só porque era de marca e estava na promoção? Os comportamentos variam desses mais sutis a  outros mais descarados, como deixar de ir a determinados lugares porque pessoas de renda mais baixa estão indo também. [É, vai ter gente deixando de comprar Abercrombie porque viu mendigos com suas camisetas]


Dá para atribuir essa mentalidade só ao capitalismo? A grosso modo, creio que não. Atitudes de segregação social estão presentes muito antes dele surgir. O homem tenta ser melhor do que o outro desde quando? Desde quando ele tenta saciar seus desejos indiscriminadamente, a despeito da desgraça alheia? Os luxos, os excessos não são de hoje. E poderíamos falar que a vaidade material é a nossa única chaga? Que dizer da vaidade intelectual, da vaidade religiosa?

Slogan da marca
Em maior ou menor grau, as classes mais oprimidas estão sujeitas aos gostos da elite. [O contrário também tem acontecido. A periferia tem gerado conteúdo que agrada a alguns ricos. Não são poucas as patricinhas que hoje curtem funk, por exemplo.] Os pretextos são vários: "ah, é caro porque tem maior qualidade, vai durar mais", "preciso vestir-me bem, usar roupas de marca, caso contrário não vão respeitar-me". Triste isso, não? Que respeito é esse que só é conquistado pelo que se tem, e não pelo que se é? What is cool?
 

Para finalizar, quero fazer um link com os recentes acontecimentos nas lojas do Leblon. Não estou estimulando saques, mas gostaria de mostrar o lado da moeda que a Globo e semelhantes não costumam mostrar. Para ser didática, vamos por pontos...

1. Vários manifestantes pelo país foram detidos, presos, vítimas de violência policial diversas sem que tenham feito NADA além de estarem presentes no local dos protestos. É sabido que a polícia sabia da presença de pessoas intencionadas em somente roubar (vários policiais ficam infiltrados entre os manifestantes), mas nada fizeram, deixaram rolar.

2. Essas lojas têm seguro. Para que esse mimimi todo? Sei que deve ser muito chato você ter uma loja e vê-la destruída, mas tanta coisa pior acontece no Brasil e não é noticiada, não tem a mesma repercussão. Tanta gente inocente morre nas favelas, e há a mesma comoção? Há flores, há pessoas vestidas de branco pedindo por paz? Há reuniões de emergência dos políticos para resolver a situação?

3. Algumas dessas lojas saqueadas tiveram seus produtos doados a pessoas pobres.Sim, a velha história do Robin Hood, o heroi que roubava dos ricos para dar aos pobres. Não cabe aqui uma discussão moral sobre se isso é certo ou errado, no entanto o fato é que a mídia marrom não mostra esse lado.

É isso, meninas. Até um próximo post...

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